Friday, April 1, 2011
O Dia do Coringa
E nós estávamos lá contra qualquer expectativa. O rebanho não imaginava que seríamos tão loucos a ponto de estar num lugar onde nossa presença incitaria tantos pensamentos medonhos e atitudes aparentemente tempestivas, porém meticulosamente calculadas.
E dei um sorriso quando vi o pastor chegando na sala! Mal ele imaginava que nós prevemos a sua presença ilustre no banquete glorioso preparado em sua homenagem.
Oh! Que dó que deu quando o pastor fez a apelação sentimental barata pra platéia de algumas mentes ocas! E ele não respeitava a fala de ninguem. Desesperado, numa tentativa de reverter a situação, ele entrava em combate com quem estava com autoridade para dizer os fatos repletos de verdades.
E quando o seu vendido pupilo com uma fala drogada tentava dizer algo tocante para sensibilizar a platéia? Meu caro, sua humilhação pública me fez transbordar de sorrisos cheios de satisfação!
E eu, guardando as palavras para o momento do touchê, assistia calmamente o show de hipocrisia gratuita da envergonhante ignorancia do rebanho.
E vocês ficaram sem palavras, sem argumentos falaciosos diante da verdade exposta e esfregada como cera em seus rostos!
Ah! Esse dia não poderia ter sido mais gloriso!
Sim, meus caros oponentes medíocres, esse dia entrará na minha memória e nos meus registros como:
THE GLORIOUS DAY: O Dia do Coringa.
A jogada decisiva com uma cartada imprevisível.
Thursday, March 31, 2011
Estar Lá Quando Não Se Deveria Estar
O desejo e medo da perda. A situação estável de uma amizade retem o desejo que tende para a instabilidade que o toque dos lábios proporciona. É uma confusão! Seria uma terrível confusão que só de imaginar se torna enfadonho. E seria o fim! O término catastrófico de algo que inicialmente era seguro.
Mas nada nessa vida perdura, não resiste ao tempo, e ao movimento das mudanças. É então que percebemos que a preservação ou mesmo prolongamento dessa suposta situação segura é um sentimento bobo e medroso que nos dá freios, nos impede de ousar. O que perderiamos se o que temos é tão limitado quanto qualquer outra coisa vivente nesse tempo? É claro, saberiamos o por quê do fim, antecipariamos a morte de algo que cairia em pequenos pedaços dias após dias.
Quem sabe deveriamos acabar com esse impasse que atormenta a nossa mente? Mas é tão confortável não ser diretamente responsável pela mudança de rumo para o inseguro. E nos demos conta que uma parte de nós adormeceu com esse bem-estar. Justamente aquele instinto predador, vencedor de qualquer obstáculo.
Bobo, tolo, medroso!
Somos a mansidão quando está presente e o caos quando você está ausente. Uma criança boba em frente ao parque de diversões, que só de ver se alegra, e que tem medo de entrar ali e acolá e se perder, de perder o suposto porto seguro, de dar mais passos e mais passos sem a companhia dos pais.
Então tentamos negar o que se manifesta dentro de nós, e não consegue nascer e crescer no mundo. Porque a existencia, o crescimento, os cuidados dependem do outro, de outro! Controlamos a criança interior impulsiva de vontades, puro instinto! E se formos pensar um pouco mais, ela tem a sua lógica, a sua racionalidade que nós, que dizemos adultos, não queremos aceitar.
O que poderia ser mais humano que o desejar, o satisfazer? Ser de necessidades, vontades! Mas o pior de todos é a vontade que a satisfação depende do outro, de outro.
Essa criança é trancafiada feito animal nocivo pelo nosso medo. Presa ali ela precisa de oportunidades para escapar. Sim! Escapar! Nós temos uma parte de culpa na sua liberdade, ela é nossa criação mais o outro, mesmo que disso ele não faça a menor idéia. Ela tem o restante da liberdade no outro. Só o outro pode nos invadir ao ponto de nos libertar de nossas próprias amarras.
Criança boba, que sorri em frente do outro e esquece da espessa e resistente cela que a detem.
Chateados! Eu e ela estamos chateados. Estou cansado de vê-la no canto escuro entristecendo pelo esgotamento das chances, de chances que ela imagina, supõe, que talvez existam ou não.
Estou triste por ela também ser eu, e por eu não ser o único que pode libertá-la.
Sou o vigia dos atos impulsivos, dos desejos escondidos, e me compadeço de ser eu eu mesmo meu próprio prisioneiro.
E é claro: estamos falando do desejo, do meu desejo de ousar com você.
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