Wednesday, June 15, 2011

A Insustentável Sensibilidade de Ser




Nós somos fortes para suportar as torturas físicas e mentais. Podemos pronunciar e escutar as palavras duras da brutalidade humana. Com o olhar fixo e vazio, nos mantemos firmes diante da tendência massacrante da nossa natureza.

O exterior é tão manipulável! É o material mutável, moldável. Esse movimento que raras vezes segue a direção do que pulsa dentro. Nessa gruta tudo acontece e é refletido nas batidas do coração. Quando nos damos conta é porque ele dança de acordo com um som incontrolável.

E bate! E parece que somos um carro convencional e modesto com um motor envenenado.

Isso começa após alguns instantes de contenção exterior. Seguramos aquilo com o semblante calmo e irônico, parece que não exige o menor esforço. Que belo sorriso estampado no nosso rosto! Estamos pensando um milhão de coisas que surgem de forma instantânea, depois de cada palavra descabida pronunciada.

E acabou. Desmancha-se o cenário. Cada um volta para sua respectiva normalidade.

Então não foi algo tão impessoal e profissional como fizemos parecer.

E bate! E parece que alguma coisa aqui dentro encontrou uma forma de ter a atenção que tanto precisava!

Você não é o tipo de pessoa que lembra das coisas depois dos 14. O que tem nesse intervalo de tempo até os 22?

Algumas aventuras e desventuras. Pessoas que vem e vão, com suas alegrias e inconveniências. Alguns momentos breves e louváveis, outros longos e torturantes. Essas coisas se misturam num misto de gelo e fogo.

E bate! Esse bendito sentimentalismo que se manifesta no coração!

Nós estamos tão mortos quanto estamos vivos. E não cremos que seja uma dádiva sucumbir e reviver todos os dias. Que ser humano é esse que se perde e se ganha no mesmo instante?

E ficamos pensando que esse é um mal intrínseco da nossa alma. Ser amaldiçoado que não se prende a nada! Amaldiçoado porque vive num mundo onde todos estão se prendendo a todo instante em alguma coisa, em alguem, ou em um alguem-coisa. Amaldiçoado porque tem pensamentos incompatíveis para serem compartilhados, sendo condenado a sua eterna solidão de ser.

E mesmo que uma alma lhe dissesse tudo o que precisaria ouvir, são apenas palavras, livres de qualquer dor do nosso próprio espírito.

É sempre assim.

Nos flui pelos poros a sensibilidade incontrolável e insustentável de sentir.

Sunday, June 12, 2011

Devorador de Ilusões


Dilacerador de terras longínquas, tão invadido pelo próprio ser. Eis que a liberdade soa como uma intensa melodia das cordas descompassadas e incertas de uma possível vida.

Sorrindo de pequenos desgostos e mal gostos, sem que o silêncio signifique incapacidade, ele é apenas uma forma de poupar de ser o mestre da crueldade. Não que faltem as palavras, essas tão ferrenhas dentadas fazem parte das nossas habilidades.

Mas que gentil que és! Mentira! Estamos sempre suprimindo para poupar o outro de uma nada agradável realidade: existe o limite, e nós podemos impô-lo.

Aprendemos a ser tal cordial e cortês nesse reino de acéfalos-reis. É quase um cair de braços modeladores do vento no abismo. Cortamos o que não vemos, mas sabemos que machucamos.

Ah! Cansamos!

Dessa ladainha barata que é o sofrimento alheio por aquilo que não vale nada! Quantas lamúrias aguentaremos do mesmo tema?

Mas falarei de nós. Coisas boas aconteceram conosco. É aprendendo a lidar com o outro que achamos uma maneira de ser livre e não nos afetarmos.

Digo que experimentei o que eu já havia pedido tempos atrás. Agora retiro-me desse episódio enfadonho, encontro-me naquele lugar cheio de bons agrados, e o que há lá fora não encontra espaço aqui dentro.

É exterior, pequenino invasor!

Eu e eu rimos agora. Isso porque estamos apreciando de fora.

Nesta vista que eu estou confortavelmente assistindo histórias com trilhas sonoras tão conhecidas e reconhecidas, apenas me divirto engolindo saborosamente a total falta de importancia dos fatos e atos.

Isso é mais velho do que o tempo que os homens inventaram. Esse desatino cronologico que alguns se prendem, é apenas mais uma ilusão febril que fizeram com que grande parte dos meus amigos acreditassem.

Nem todos podem desacreditar e continuar vivendo. A impossibilidade do significado, do sentido disso ou daquilo é insuportável pra um mundo que ve na eternidade a felicidade. Desastroso seria que não tivesse fim.

E bem que nos perguntamos... afinal, o que temos a perder se nem a nossa própria vida está sob nosso controle? Como a super significancia me cansa! Esses seres sempre se auto-ridicularizando porque a miserabilidade de si é motivo de prazer e satisfação. O sofrimento existe para a suprir essa inevitável necessidade de alguns de desejar estar na situação de mediocridade.

E quem sou em meio a tantos absurdos que ocasionalmente estou apreciando e diagnosticando?

Eu sou o mais racional dos sentimentais.

Nós diriamos que temos desprezo.

Nesse padrão elevado de exigencia de si, acabamos não achando nada que seja digno o suficiente para ilusoriamente nos complementar.



Simplesmente nada mais tem a ver conosco.