Até nas mentiras existe um pouco de verdade. E quando nós pensamos, misturamos antigas palavras com novas conversas, pequenas descobertas. Farsa? Escutamos simplesmente o que precisávamos e queríamos ouvir? Novamente no nada desconhecido divã.
Que autodestrutivo é viver. Já nascemos limitados a uma existência naturalmente tão impotente. O que mudamos? Quem mudamos? O que somos? Quem somos?
Isso só piorou com os anos. Parece tão dramático, sem fundamento, desnecessário pra quem não perde 5 minutos da existência pensando nisso. Trágico pra essa mente amaldiçoada, solitária. Sempre tão incompreendida.
E ainda pensamos: quem sabe não ser o tão comumente 'ser' que simplesmente sobrevive? Quem sabe não ter metade dos pensamentos que temos agora, não fossemos tão autodestrutivos. Talvez seja uma falta tremenda de endorfina que nos dê essa sensação inacabável, inesgotável de dor. Chega a ser tão devastadora que impele a uma compensação corpórea flagelativa. É então que lembramos que não devemos ser os únicos....
Eu, nós... queríamos descobrir uma forma de solucionar o problema. Assim, de fato, mudaríamos muita coisa. Ajudaríamos tantas pessoas! E me pergunto se é justo... se é justo ter um coração tão bom e tão dolorido com a vida. E se as vezes é justo ter que ser alguem que não gostamos de ser para continuarmos 'vivos'.
Sempre um serzinho tão diferente, desde que se entendeu por gente. Se deitava entre os dois colchões das duas camas, cruzava os braços, fechava os olhos, e pensava: 'fim'. Seis? Sete? Já era sufocante antes mesmo de crescer. E com o passar do tempo só piorou.
Conte-nos uma novidade boa, porque de ruindade o mundo já está cheio.
Esse rosto com ou sem maquiagem, esse brinco brilhante ou sem cor, esse sapato alto ou baixo, essa chinela velha ou nova, esse colar de ouro ou de nada, esses dentes brancos ou amarelos, essas unhas pintadas ou sem graça... tudo tão superficial.
E o que vocês querem? Achar algo que valha realmente a pena, além das aparências porém, que seja aparente.
Você foi e o mais difícil agora é a volta. Esse retorno da inquietude pra quietude. Tão desmensurado!
E você é um pitoresco, com seus gestos reais e ao mesmo tempo tão exagerados. Isso porque eles não são convencionais.
E tenta se guardar, tenta se isolar, porque tem um potencial altamente destrutivo. Impotente para grandes e boas mudanças, e tão poderoso para a destruição!
Sim, porque é mais simples desconstruir. Isso leva alguns segundos. Aniquila-se o que é belo? Não, aniquilamos a ilusão do belo!
E pensamos... temos uma obrigação daqui algumas horas. Vale o preço? E pensamos... não ir seria uma destruição? Deixar de exercer um papel robótico de ser, mas infelizmente necessário pra sobreviver nesse mundo.
E tudo que queríamos é o que fizemos desde que nos entendemos por gente, mas nunca conseguimos: um fim. Porque nada parece nos curar! E de repente o que pensávamos ser a cura, nos faz sentir mais dor ainda. E mais parece um processo cíclico, com uma breve sensação de alívio, e uma longa e insuportável sensação de peso.
E em meio a tanta destruição de si...
Tem algo que ainda funciona pra liberar um pouco de endorfina: escrever. Respingar as dores em forma de palavras ainda alivia a alma.