Sunday, December 28, 2008

Tão Sutil!

Estava tão quieto ali onde não era permitido estar. Afastado e evitando qualquer tipo de distração desvirtuosa, lá estava no canto da sala. Pois o motivo de estar lá era exatamente esse.

Numa entrada e presença irônica surge o motivo de incomodo. Porque tem uma existência sutil, uma presença transparente e subjetiva, sem deixar menor vestígio legível nos gestos. Não fala, sussurra. Tem o padrão irritante da impessoalidade obrigatória de entrar sem se anunciar e sair sem se importar. É como se não tivesse ninguém em volta... apenas si mesmo. A expressão facial é de um jogador profissional de poker. Ou de alguém que nem se quer joga.

No início era o comum. Mas o destino é sarcástico com decisões. Poderia ser qualquer um, mas não aquele.

Esteja ciente: o fato de você existir em silêncio e transparência pode mudar o mundo das pessoas. Obviamente, sem que você faça a menor ideia disso.

Nós brincamos porque ninguém sabe do nosso segredo. Nós insinuamos porque estamos distantes demais para nos comprometer. Gostamos porque é desconhecido e isso possibilita que criemos as mais saborosas expectativas. Nós sabemos roubar palavras de olhares, por isso evitamos fixa-los. Mas quando eles nos escapam?

Susto. Mãos frias. Rosto corado. E uma sensação estranha do estômago ao coração.

Ah! O começo... Mesmo sendo do nada, o começo do desconhecido é sempre tão infantil. E finalmente somos aquela criança diante de um brinquedo que ansiamos em possuir. Sim, encostamos as mãos na vitrine, aproximamos o rosto até que o vidro sinta nossa respiração, então devoramos com os olhos o que pode ou não ser nosso. Sem se importar, os olhos quebram as barreiras roubando o desejo para imaginação.

E sonhamos em ter, somente ter, e como seria em tê-lo.

Pela dúvida do futuro, de certa forma nos contentamos em simplesmente admirar. Não falando educadamente, nós nos contentamos em invadir e devorar com os olhares.

Na verdade prefiro que fique com a parte sutil. Irritantemente e amorosamente sutil.

O que provavelmente nunca saberei se é verdade, e você nunca saberá que em um dia mudou todos os meus dias.