Saturday, September 10, 2011

O Amor de Platão




Nesse semestre estou com aulas dia de sábado, de manhã e de tarde. Como sempre é um tormento acordar cedo qualquer dia da semana pra mim, mas sábado é um dos piores dias pra madrugar. É obrigar um vampiro  a viver de manhã.

Tirando a tortura da interação dinâmica matinal forçada, porem necessária no francês, a aula de filosofia de tarde foi sobre um tema que eu teria enorme satisfação em abordar numa sala de aula: o amor, o amor platônico.

A Val fez uma boa abordagem contemporanea. Eu só mudaria um pouco da estrutura expositiva tendo como base o conteúdo da disciplina de didática do semestre passado: a interdisciplinaridade.


O amor.

Lembrei das minhas leituras em plenos 15 anos. Eu já procurava algum significado sobre aquela sensação estranha de dar os primeiros passos pra gostar do outro, da forma nada habitual. Era maior do que eu. Então procurei nos livros alguma explicação, alguma direção. Achei naquele velho livro de filosofia do ensino médio um capítulo só sobre o amor, e lá estava Platão.

Meus colegas disseram que esse amor não existia mais, que ninguem mais se importava com caráter, principios e valores. E foi como se tivessem dado uma apunhalada em meu peito. Porque é isso que vejo constantemente nesse mundo. O agravante da história é que aqueles que falaram tinham namorada/o(s).

E eles amam o que afinal?

Não... eles não amam. É confortável estar com alguem, mesmo sem admirá-lo.

Isso não funciona comigo. Eu não consigo dar continuidade de uma vida a dois com quem eu não admiro, não consigo estar com alguem pra suprir egoísticamente uma carencia, ou simplesmente porque é cômodo ter alguem sempre que eu precisar.

É isso que as pessoas fazem. E elas dizem e vivem isso com uma assustadora naturalidade.

Ao contrário do que tanto disseram sobre o amor platônico não existir e nem ser aquele amor irrealizável, eu tenho outra concepção sobre isso.

Ele é um gostar sublime, que transcende o desejo físico. É quando você admira alguém ao ponto da alma dele ser tão bela que se torna um amor imaterial, irrealizável.  

 Afinal, como tornar o sentimento concreto quando o que existe é o amor por algo intocável?

E bem maior que isso é o amor sem direção, sem 'objeto'.

É amor em si como a liberdade em si de Hegel: ela tem o significado nela mesma, a liberdade não é o leque de escolhas que você tem, mas é ser-livre-em-si, é a vontade de ser livre, e o compreensão de liberdade.

O amor é como a liberdade, ela tem uma relação com a liberdade.


Sim, você pode amar sem estar necessariamente com alguem, você pode amar porque simplesmente sente o amor dentro de você.

Hoje numa conversa com mais perguntas que respostas:


"pq isso? e de que vale um momento sublime sem continuidade em um outro capitulo. de que vale um poema declamado se os proximos minutos nem existirão mais?de que vale viver intensamente se existe a saudade? ou a vontade de compartilhar algo a dois?"

O que eu pude perceber é que seu coração é tão belo quanto sua alma. E que ainda existem pessoas que valem a pena viver 'algo a dois'.

Meu mundo está salvo.