Sunday, April 8, 2007

Medonho

Sabe, enquanto era calada se perguntavam por que eu era calada. Mas nem sempre a gente tem as drogas das respostas. E mesmo quando tem, ninguem quer mais saber. Eu seu, sou atrasada em tudo. Sei que chego no meio da historia, querendo ser personagem principal. E acredite, eu tenho consciência que nao sou. Sonhar é de graça.
Sou um daqueles trens velhos e ultrapassados, em uma trilha sem fim, mas que passa por todos os lugares. Eu levo esse montão de gente, pra onde eles querem. Tem bancos e aposentos confortáveis. Depois de tantos anos, o que mes resta é ferrugem.
Disso nem reclamo mais...
aliás, de que eu reclamo de você?
Tá aqui o problema, n'alma.
Quantas eu vezes eu disse que ia dar o fora e traçar meu proprio caminho. Quantas vezes eu quebrei minha proprias promessas. Quantas vezes nao fui fiel ao que queria...
Essa sao contas que eu prefiro nem fazer.
De tempos em tempos eu chego em algum lugar(q na verdade nao é nenhum) e despejo uma cachoeira de coisas que eu só me lembro nos piores momentos. Porque é mais falar pra ninguem e nao ter respostas, a falar pra alguem que nao entende, e ainda por cima te cobra resposta. Manda você calar a boca porque nao é mais conveniente saber dessas coisas...
"é melhor rir do desconhecido, e desprezar o que já se conhece até debaixo d'agua".

Então está na hora de mostrar, que o Senhor nao conhece todos os bichos do mar.

Cansei dessa minha falta de seriedade esculachada. Pior é que eu já cavei tanto isso, que parece que me obrigam. É como uma identidade falsa. Um nova vida, uma nova responsabilidade.

Eu quero aquela vida velha, aquela que só eu conhecia e mais ninguem. Eu quero aquela vida que meu unico medo era nao morrer logo de uma vez. Eu quero aquela vida que só eu me compreendia e me conformava por isso. Eu quero sentir aquele tempo, que eu sabia que era diferente, e nao tinha esperança que entendessem meus pensamentos vadios. Eu quero ter a falta de criatividade de uma criança, aquela sem maldades. Eu queria poder brigar pela bicicleta grande que eu nao podia andar.
E eu gostava de fingir que nao existia...
Quero minha solidao, minha solidão de volta. Quero minha solidão incabivel dentro de mim e volta.
Eu quero esquecer aqueles dias, aquelas pessoas, e aquelas malditas decepções.

E de novo, devolve aquela minha solidão intangível.

Se esse é o preço, eu estou disposta a pagar.

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